Você já ouviu falar em Fenômeno de Raynaud? Não? Mas com certeza já conheceu alguma criança que possa ter estes sintomas.
Sabe aquela brincadeira com as mãos tapando os olhos de “adivinha quem é ?”, que você já desconfia quem é só pelas mãos geladas da criança. Ou aquelas crianças e adolescentes que vivem sempre com as mãos e pés gelados que chegam a mudar de cor?
Isso pode ser um
sintoma de Raynaud. É uma condição que afeta o fluxo sanguíneo nas extremidades do corpo humano, principalmente nas mãos e nos pés, mas também pode acometer o nariz e os lóbulos das orelhas, quando submetidos a uma mudança brusca de temperatura (frio) ou a situações de estresse.
É muito comum que os pais só percebam esse fenômeno quando chega o inverno. Mas isso não é uma regra geral, já que os sintomas também podem surgir no verão, se a criança ficar em um local com ar condicionado muito gelado ou se sofrer um choque térmico ao sair do banho, por exemplo. Isto acontece porque quando se expõe as extremidades do corpo a baixas temperaturas, o suprimento de oxigênio se reduz, e torna a coloração da pele branca, empalidecida, além de fria e às vezes dormente.
Quando o oxigênio é totalmente consumido pelas células, então, a pele adquire coloração azulada ou roxa (chamada cianose). Quando a área é aquecida, o fluxo de sangue retorna por vasodilatação e a cor rubor (avermelhada) da pele normaliza, o que, às vezes, pode provocar formigamento e inchaço. Alguns pacientes podem não apresentar todas essas três fases dessas mudanças.
Há dois tipos de fenômeno de Raynaud: primário ou secundário. No primário não há nenhuma doença associada. Os episódios de fenômeno de Raynaud são relativamente benignos, simétricos e usualmente não acarretam repercussões sistêmicas ou locais. Já o fenômeno de Raynaud secundário é quando há alguma doença ou condição associada a ele.
Dentre as causas mais frequentes destacam-se as doenças reumáticas autoimunes, principalmente a esclerodermia sistêmica juvenil e a doença mista do tecido conjuntivo, mas também pode estar presente no hipotireoidismo, secundário ao uso de drogas, entre outros.
O paciente pode ainda apresentar artralgia (dores nas articulações) e úlcera digital (ferida nas pontas dos dedos) como consequência da isquemia. Alterações de exames laboratoriais como aumento de provas de fase aguda, velocidade de hemossedimentação (VHS), proteína C reativa (PCR), e Fator anti-núcleo (FAN) também podem estar presentes.
Outro exame que auxilia no diagnóstico diferencial é a capilaroscopia periungueal, um exame não invasivo que permite a visualização do capilar da região periungueal dos dedos das mãos que identifica as alterações sugestivas do fenômeno de Raynaud secundário.
Quais as medidas de cuidado que devo ter com as crianças?
Manter a área afetada aquecida (com o uso de luvas, meias e gorros); evitar tocar objetos frios como abrir o freezer ou lavar a louça com água fria; evitar ambientes com baixas temperaturas; se possível não vivenciar situações estressantes; não ingerir substâncias que causem a vasoconstrição, como a nicotina (cigarro) ou a cafeína (café, chá) e também fármacos que provoquem a vasoconstrição, como descongestionantes nasais.
Converse com o seu pediatra se seu filho apresentar este sintoma, e caso necessário investigue com um reumatologista infantil.